Viajar

          Sempre adorei viajar, fiz minha primeira viagem com trinta dias de idade, foram quase mil quilômetros de trem de ferro, uma aventura mais do que suficiente para servir de abertura à história de uma vida. O emprego do meu pai o obrigava a fazer muitas viagens e ele adorava me levar junto (quando minha mãe não podia acompanhá-lo), eu amava estas viagens porque viajava com meu velho, que era um pai fantástico, alegre e brincalhão.

          Portanto viajei por toda a minha vida e viajo acordado, planejando novas viagens, assim como viajo dormindo, sonhando com novos e velhos destinos. Mas a melhor parte de qualquer viagem é quando voltamos para aquele cantinho que chamamos de lar, é ótimo desfazer as malas, voltar à velha rotina e ficar acarinhando a lembrança de uma linda viagem. A melhor parte é ficar vendo as fotos e lembrando de cada lugar por que passamos.

          Gosto de voltar a lugares lindos como Paris, onde já fui quatro vezes, e gosto muito de visitar lugares mágicos, como Ipameri, onde fui criado, mas o que mais gosto é de conhecer novos lugares, caminhar por uma cidade estranha, descobrindo seus encantos, suas atrações, sem saber ao certo o que me aguarda na próxima esquina. Não sei se é mania de turista ou de explorador, mas é isto que mais me agrada em cada uma de minhas viagens.

          Em matéria de turismo sou eclético, gosto de quase tudo, desde uma pequena vila de uma só rua, com sua estação de trem, até uma metrópole como São Paulo ou Nova York, se estiver passeando e fotografando estarei feliz. Pensando bem, creio que gosto mais das pequenas vilas e cidades médias, pois em uma grande metrópole tem muito barulho, muita gente nas ruas e eu tenho um certo receio de me perder e de não achar mais meu filho e nora (que me acompanham) ou mesmo o hotel em que estou hospedado. É uma bobagem, claro, mas cada um com suas fobias...

          Um fator importante para mim é a história do lugar, caminhar em Londres, mesmo sendo uma das grandes cidades do mundo, foi maravilhoso, porque tudo ali tem um significado, uma importância, como o marco do grande incêndio de 1666, que começou no forno de uma padaria, durou três dias e queimou um terço da cidade. Alguém pode passar por ali sem perceber do que se trata, é preciso um bom guia impresso ou muita atenção do visitante.

          Em uma viagem nos desligamos de tudo o que nos estressa normalmente, como contas, dívidas, horários e compromissos. Por isto viajar é tão relaxante, especialmente o tipo de viagem que faço, sem tanto compromisso como as excursões. Posso acordar quando quiser e me demorar em um museu o quanto quiser, apenas preciso definir o que verei levando em consideração o tempo disponível. O que não puder ver fica para uma próxima viagem.

          Por isto afirmo que viajar é viver, porque eu nunca me sinto tão feliz e tranquilo do que quando estou viajando, principalmente se esta viagem for para o exterior, minhas viagens preferidas. Gosto de viajar pelo Brasil, especialmente nas cidades praianas, mas nada me alegra mais do que uma escapada para fora do nosso continente sul americano. Se a viagem for em companhia de meu filho e nora melhor ainda, porque são pessoas maravilhosas, pacientes e carinhosas com um velho como eu, que já não consegue andar muito rápido nem por muito tempo.

Lupércio Mundim


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