Pacibela é uma cidade imaginária, que eu criei um dia, quando sonhava com um lugar ideal para viver com minha família. O nome Pacibela, é óbvio, surgiu da união das palavras pacífica e bela, uma cidade bonita onde seus habitantes vivem em paz. Isto é uma utopia? Algo impossível de se realizar? Talvez, mas meu coração ignora as barras limitadoras da realidade, ele quer apenas um lugar onde meus filhos e netos possam viver suas vidas tranquilamente. Só isto.
E como seria Pacibela? Nada extraordinário, uma cidade de tamanho médio que foi muito bem planejada, não prevendo as necessidades atuais, mas as futuras, construída em uma área plana com muitos parques e lagos para que a temperatura seja amena. Uma cidade onde os passarinhos cantam em seus bosques sem serem incomodados pelo barulho insurdecedor da cidade, Pacibela é uma cidade muito mais silenciosa do que as demais cidades do Brasil.
O mais importante em Pacibela, depois de seu cuidadoso planejamento, foi a criação de leis rigorosas para punir exemplarmente qualquer tipo de abuso, isto a fez pacífica. Uma das leis reza que as ruas não são estacionamento, são para o tráfego de veículos e pedestres. Para construir qualquer tipo de edificação é obrigatório que se crie um estacionamento mais do que suficiente para suprir as necessidades de estacionamento daquela edificação, seja ela particular, comercial ou industrial. Por isto que o trânsito em Pacibela flui tão tranquilamente, sem engarrafamentos.
A despeito de Pacibela ser uma cidade aberta, sem muros, não existem roubos ou crimes e isto não acontece por um único motivo: não vale a pena! Todas as condenações são para trabalhos forçados em confinamento total e segurança máxima, não há relaxamento de pena nem indulto de natal, o condenado só fica livre depois que cumprir sua pena integralmente e esta pena é substancialmente aumentada em caso de mau comportamento ou tentativa de fuga. Os trabalhos forçados (pelo menos oito horas diárias) servem para pagar as despesas dos presos na prisão.
Em Pacibela as leis são rigorosas e quaquer homicídio é punido com a pena de morte, os habitantes dirigem com cuidado porque a pena por qualquer infração grave é a perda da habilitação por um período de, pelo menos, cinco anos. Por isto não se vê excesso de velocidade ou carros furando o sinal, o respeito à lei é uma exigência básica para se desfrutar de liberdade na cidade. Assim tudo foi ficando tranquilo e silencioso, passamos a ouvir o canto dos pássaros nas árvores e as pessoas passaram a exibir sorrisos nos rostos e a cumprimentar os passantes. A cidade foi ficando a cada dia mais civilizada, mais feliz, até alcançar um nível nunca antes visto no país e ganhar o nome de Pacibela.
O governo de Pacibela é democrático e aberto, ou seja, todas as suas contas são mostradas a um conselho formado pelo povo da cidade; um político jamais poderá eleger-se para cargo algum se tiver suas contas (ou comportamento) reprovadas pela maioria da população. Assim sendo, como o melhor caminho para o sucesso é ser correto, o governo investe pesadamente em educação e a cidade oferece gratuitamente aos seus estudantes as melhores escolas e universidades do país. O resultado deste investimento é logo notado, pois as escolas não formam apenas excelentes profissionais, como excelentes cidadãos, pessoas responsáveis e conscientes de seus direitos e deveres.
O melhor foi que o resto do país, ao ver a fantástica qualidade de vida que era oferecida em Pacibela, passou a adotar as mesmas leis e medidas
e isto o transformou em uma potência mundial, não uma potência militar ou industrial, mas uma potência da lei e da ordem, da paz e do respeito, da igualdade e da liberdade, uma potência da felicidade que terminou tornando-se uma potência econômica, porque onde existem leis e respeito, planejamento e ação, também existem o crescimento e o lucro. Não existe melhor lugar no mundo para se morar do que a pacífica e bela Pacibela!
Lupércio Mundim