Manaus


          Na primeira vez que fui a Manaus, na década de oitenta, não sofri muito com o calor, porque era inverno, nesta minha última visita, em fevereiro de 2011, era verão e o calor estava realmente insuportável; caminhar pelas ruas da Capital amazonense com tal calor é um ato de bravura e resistência humana que eu custei a suportar, mas a cidade possui tantos atrativos que acabei esquecendo um pouco o calor para aproveitar a viagem.

          Desta vez a viagem foi muito mais agradável porque fui em companhia de meu filho e nora e não fiquei, como da outra vez, em um hotel e sim na residência da família Rocha, meus velhos amigos de Goiânia, que me receberam com grande alegria, apesar do trabalho e despesas extras que nós certamente lhes demos, mas ir a Manaus e não ficar com a Neide seria o mesmo que ir a Paris e não sair do hotel, não teria a menor graça, fomos colegas de trabalho por vários anos e eu queria muito revê-la, assim como seu marido Altair e seus filhos Hudson e Gabriela, que já não via há anos.

          O passeio começou com um golpe de sorte, o que é um ótimo sinal, no primeiro dia fomos visitar o Teatro Amazonas e fomos avisados pela guia que naquela noite aconteceria um concerto especial, gratúito, com um grande pianista europeu. Eu estava exausto do nosso passeio pela cidade, mas não abri mão do concerto e esta minha coragem foi plenamente recompensada, o concerto foi lindíssimo e o pianista era realmente excelente.

          Achei muito interessante o sistema natural de ventilação criado no Teatro Amazonas, nos dias mais quentes as pessoas poderiam sentir-se confortáveis no teatro com um genial sistema natural de ventilação (por isto elevaram o terreno em que seria construído o teatro), que conduzia o vento da região direto para debaixo das poltronas da platéia. Hoje o Teatro Amazonas dispõe de um sistema de ar condicionado central que permite que assistamos os espetáculos com grande conforto, mas na época em que o teatro foi construído isto não era possível.

          Nos dias seguintes fizemos vários passeios a lugares lindos como a praia de Ponta Negra, o encontro das águas, o INPA, o zoológico do SIGS e muitos outros, inclusive um passeio de barco com almoço incluso que demorou praticamente o dia todo, partindo do Hotel Tropical, e que foi sensacional. Mas o melhor momento da viagem não foi nenhum passeio, foi um churrasco na casa da Neide ao qual a família Rocha compareceu em peso e nesta noite nós saboreamos o melhor do churrasco, regado a muita cerveja gelada e foi uma noite que valeu pela viagem inteira.

          A semana passou depressa com tantos passeios e chegou o dia de irmos embora, despedi-me de meus amigos no aeroporto de Manaus com um chopinho gelado, embarquei no avião e, ao decolarmos, pude ver a ponte sobre o Rio Negro e o encontro das águas, por onde passamos várias vezes em nossos passeios. As núvens cobriram Manaus e seus grandes rios, fechei os olhos e fiz uma prece de agradecimento à família Rocha. A gratidão é um dos principais sinais de quem tem caráter e eu jamais esquecerei a amizade e o carinho que recebemos em Manaus.


Lupércio Mundim



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