Haia

Haia

          A Holanda possui um sistema político interessante, a capital é Amsterdam, mas é em Haia que fica o Palácio Real, todas as embaixadas e o Tribunal Internacional de Justiça, que é o principal órgão de justiça da Organização das Nações Unidas, que julga crimes de guerra e contra a humanidade. Haia é a terceira cidade mais populosa da Holanda (depois de Amsterdam e Roterdam) e apresenta uma interessante mistura arquitetônica entre o clássico e o moderno (como se pode ver na foto acima), uma cidade que mais parece um museu a céu aberto, com dezenas de obras de arte das mais diversas origens e tendências expostas em suas ruas e praças.

          A praia de Haia não me atraiu, era verão mas ventava muito e imagino como deve ser sair do mar naquela situação, entretanto pareceu-me um ambiente animado, com dezenas de barzinhos movimentados, inclusive um chamado Copacabana. O que me causou estranheza foi ver por lá garotos menores de idade acendendo livremente cigarros de maconha, o que aqui no Brasil seria ilegal e resultaria em prisão. Outro país, outros costumes... O que me desagradou foi sentar em um café ao lado de um desses jovens viciados, para quem não fuma o cheiro é horrível, mas não criei caso, apenas mudei de mesa discretamente e o jovem sequer percebeu.

          Considerei interessante que o jardim do Palácio Real seja aberto ao público em geral e só fica fechado por alguns minutos quando um dos membros da família real decide passear por ali, o que é raro. Este jardim, na verdade, é um parque, com lagos e muito verde, um lugar maravilhoso para se passear. Nos fundos do parque fica o quartel da Guarda Real, responsável pela proteção do Palácio Real e dos membros da família real quando ali se encontram.

          Também me estranhou a simplicidade do Palácio Real, que mais parece uma casa antiga do que um palácio, embora não tenha visitado seu interior. Considerei um prédio pequeno demais e simples demais para ser um Palácio Real. talvez porque os outros Palácios Reais que visitei na Europa eram bem maiores e luxuosos... De qualquer forma, a simplicidade de uma famíia real (isto nem parece possível) é um bom sinal nos dias de hoje.

          Encantei-me com o lindo conjunto de prédios do Parlamento (veja foto acima), ladeado por um lago com uma fonte singela, mas de grande beleza. Na margem deste lago fica o discreto monumento dedicado ao menino que certa noite viu um furo em um dique e o tampou com o dedo, apenas no dia seguinte chegou alguém para ajudá-lo e o pequeno herói, que evitou que o dique se rompesse, pode ir para casa descansar.

          Grande parte das terras do país foi conquistada do mar do norte e de lagos através de drenagens e diques, os holandeses costumam dizer que Deus criou o mundo, mas os holandeses criaram a Holanda. Ao sair de Haia em direção a Amsterdam observei vários desses diques e imaginei a tragédia que aconteceu em primeiro de fevereiro de 1953, quando vários diques se romperam devido às forças das águas do mar do norte, causando mortes e destruição em várias cidades e áreas rurais. A Holanda investiu bilhões de dólares para evitar que isto se repita.

Lupércio Mundim


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