Encravada no sertão de Goiás, qual um diamante em uma coroa, a Cidade de Goiás é uma linda cidade colonial como Ouro Preto, que teve seus casarões e igrejas preservados tal como eram na época do Império. Mas não se engane, a cidade é colonial, mas é vibrante; com eventos como o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental a Procissão do Fogaréu e o carnaval, que está entre os mais animados do Estado. A cidade se destaca na área cultural, ali surgiram os maiores poetas e artistas do Estado de Goiás, nomes conhecidos no Brasil e no mundo, como José Joaquim da Veiga Valle, Goiandira do Couto e Cora Coralina. Uma cidade única, bela, ativa e animada.
Ao entrar na cidade, vindo de Goiânia, o visitante logo se depara com
o Largo do Chafariz, onde se encontra o imponente prédio do Museu das Bandeiras, prédio construído em 1761 para abrigar a Casa da Câmara e a Cadeia Pública, com paredes de quase um metro e meio de largura. Praticamente ao lado do museu está o belo Chafariz de Cauda, construído em 1778, um lugar para se sentar e aproveitar a vida, imaginá-la no tempo do Império, quando não havia água encanada e os habitantes locais precisavam ir até o Chafariz para pegar água potável...
Descendo a rua, chega-se ao Largo da Matriz, a principal praça da cidade, onde se encontram atrações como o Palácio Conde dos Arcos, construído em 1750 e residência dos Governadores do Estado de Goiás até 1937, quando a Capital do Estado foi transferida para Goiânia. O nome é uma homenagem ao primeiro Governador da Capitania de Goiás. Também no Largo da Matriz encontram-se a Igreja da Boa Morte, a Matriz e o lindo coreto da praça. A Igreja da Boa Morte é um importante museu sacro, onde estão expostas muitas obras importantes de Veiga Valle.
Descendo um pouco mais a rua, chega-se ao monumento da Cruz do Anhanguera, às margens do Rio Vermelho. Do outro lado do Rio está a famosa "casa velha da ponte", uma das primeiras edificações da cidade, onde nasceu e viveu a poetisa Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, mais conhecida como Cora Coralina. Geralmente imagina-se que uma pessoa muito culta e famosa será uma pessoa arrogante e de difícil trato, mas quando entrei pela primeira vez na casa de Cora Coralina, na década de oitenta, fiquei surpreso com sua grande simplicidade e imensa simpatia, ela adorava receber visitas porque vivia praticamente sozinha naquele imenso casarão do século XVIII.
Continuando pela mesma rua logo encontramos a Igreja do Rosário, uma linda construção em estilo gótico. Virando à esquerda na frente da igreja e seguindo mais alguns quarteirões chegamos à casa de Goiandira do Couto. Goiandira era uma pintora que não usava tintas, ela pintava com as areias coloridas da Serra Dourada, que emoldura a Cidade de Goiás. Ela simplesmente criou uma nova arte, contornava de leve, com um lápis, a paisagem que queria "pintar", depois, com um pincel, aplicava cola nestes contornos e, finalmente,
com os dedos, deixava cair a areia no tom desejado sobre estes contornos. Os quadros ofereciam às paisagens da Cidade de Goiás cores e brilhos que eram únicos.
Continuando pela rua, subindo o morro, nos deparamos com a Igreja de Santa Bárbara, construída em 1775 com blocos de pedra sabão, seu acesso é feito por uma escadaria de 52 degraus e de seu pátio descortina-se a vista mais bonita da cidade, um local que vale a pena ser visitado, nem que seja apenas pela vista. Este artigo foi o que eu chamaria de "passeio rápido" pelas principais atrações da Cidade de Goiás, mas a cidade não se resume a isto, muitos outros lugares merecem ser visitados, como a Igreja de São Francisco e o Mercado Municipal, entre outros. Não deixe de visitar a casa de uma das doceiras da cidade, elas são famosas pela beleza e sabor de seus doces.
Lupércio Mundim