Cidade Mágica

Cidade Mágica

A começar por seu nome, Ipameri, que significa entre rios e é mágico, esta cidade é 100% mágica, um lindo município no interior de Goiás, onde passei minha infância e parte da juventude, paraíso que considero meu torrão natal. Sua magia vem de seus encantos naturais, de suas ruas limpas e bem asfaltadas, de seu povo ordeiro e simpático, que cumprimenta até os estranhos que encontra nas ruas; vem de suas flores e árvores, de seus campos e rios, do conjunto de maravilhosas qualidades e singularidades às quais damos o nome, encantado, de Ipameri!

Algumas pessoas poderão ler este artigo e considerarem que estou exagerando, mas não sei amar com limites, ou eu amo completamente uma pessoa ou coisa ou eu simplesmente não a amo! E Ipameri, como não poderia deixar de ser, eu amo incondicionalmente, sem limitações. Amo suas ruas antes pacatas, agora nem tanto; amo seus habitantes, pessoas simples e sinceras; amo sua catedral, onde fui batizado e fui coroinha; amo sua estação ferroviária, onde tantas vezes esperei ou me despedi de alguém; amo suas ladeiras e becos, por onde o menino que já fui corria e brincava; amo os prédios no estilo art-déco, que tanto embelezam a cidade; amo tudo que possa se referir a Ipameri.

Ipameri é uma cidade vibrante, mas ainda mantém aquela calma de cidade de interior, um lugar onde se conhece todo mundo, onde ouvimos frases como: "Você é filho de quem? Do Antônio da padaria? Sou muito amigo do seu pai!" Lá todo mundo é amigo de todo mundo e nestes meus sessenta e cinco anos de vida nunca fiz uma inimizade em Ipameri. Já briguei quando jovem (quem não brigou quando jovem?) mas nunca guardei uma mágua de ninguém naquela cidade.

Para mim a magia de Ipameri tem um nome: Tico. Tico era o apelido do meu avô materno, pessoa dotada de grande bondade, que me ensinou a amar Ipameri, além de ter me ensinado a ser um menino feliz, ensino que contou com as valiosas colaborações de meus queridos pais e tios, além de minha querida avó materna, Zita, que era uma pessoa muito rigorosa, mas cheia de amor para dar para seus netos inquietos, que adoravam aprontar o dia inteiro.

Assim fui crescendo (nem tanto, sou baixinho) aprendendo a amar esta cidade e tudo o que ela tem de mágico como a Maria Fumaça, que eu escutava de meu quarto, enquanto ela percorria os trilhos de Ipameri, fazendo barulho em cada junção, e soltando seus vapores na estação; ficava imaginando se era trem de carga ou de passageiros e para onde estava indo, se para Goiânia ou Araguari. O trem está se afastando para o sul, então ele está indo para Araguari. Legal!

É mágica a Praça da Liberdade, onde estive durante tantas décadas, primeiro como menino, brincando, correndo e patinando; depois como adolescente, passeando e namorando; mais tarde como adulto, caminhando com minha esposa e filhos e finalmente como idoso, admirando as árvores e lembrando o passado. É mágico o Córrego Vai e vem onde, quando menino, tantas vezes tomei banho pelado e onde eu e meus amigos brincávamos de exploradores, percorrendo suas margens e matas em incríveis expedições que sempre terminavam na cozinha de minha avó Zita.

Também é mágica a Beth Costa, minha amiga de infância que, com seu imenso amor pela cidade, me ensinou a amar Ipameri e fez o pedido à Câmara Municipal para que eu recebesse, em dezembro de 2004, o título de Cidadão Ipamerino, uma alegria inesquecível para mim e minha família. Ela não é apenas mágica, é uma amiga muito talentosa e especial, que já escreveu vários livros e realizou-se em diversas áreas. como escritora, poeta e artista plástica.

Até a saudade que eu sinto de Ipameri e de minha infância e juventude é mágica, porque não é daquelas saudades que machucam, é do tipo de saudade que alegra, que traz boas lembranças, que faz com que eu perceba como foi feliz a minha vida naquele paraíso terreno. Penso em Ipameri e em minha família como presentes de Deus, creio que Ele quis amenizar a minha vida e me presenteou com uma família maravilhosa em uma cidade mágica. O que mais poderia ser?

E o ato de escrever sobre Ipameri, em prosa ou poesia, é apenas uma forma de agradecer a Deus por ter recebido tanto e de agradecer a Ipameri por ter me acolhido com tanto carinho e por ter me oferecido tantos amigos maravilhosos, como Valério, Luciana, Selim, Joélcio, Barata, Roberto Galvão e Luiz Sérgio Pacheco Santos. O título de Cidadão Ipamerino era tudo o que me faltava, agora posso dizer, cheio de orgulho, que sou ipamerino, que sou cidadão da mais mágica e bela das cidades interioranas do Brasil. Agora posso dizer, finalmente, que sou completamente feliz!


Lupércio Mundim

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